Ritmo é o mais famoso do Brasil
Heidi Strecker*
Samba, quadro de Portinari
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"Quem não gosta de samba bom sujeito não é/ é ruim da cabeça ou doente do pé."
Com certeza, o compositor
Dorival Caymmi expressou uma grande verdade quando compôs essa música, que se chama "Samba da minha terra".
O
samba faz parte da vida de muitos brasileiros, tornando-a mais
divertida e alegre. Mas como surgiu esse gênero musical tão
característico da nossa terra?
O samba de roda é um ritmo da
tradição afro-brasileira e está associado a uma dança parecida com a
capoeira. Formando um círculo, algumas pessoas tocam pandeiro, viola,
atabaque, berimbau e chocalho, além de cantarem e baterem palmas. No
interior dessa roda formada pelos músicos, outras pessoas gingam,
rodopiam, fazem evoluções.
Contam que o samba de roda nasceu nos
terreiros de candomblé. E, tendo chegado da África, imagine em que
local do Brasil o samba acabou se firmando?
Negro no coração
Há uma música do poeta
Vinícius de Moraes
em que ele diz: "O samba nasceu lá na Bahia, se hoje ele é branco na
poesia, ele é negro demais no coração." Isso não é só poesia, mas
também história. O samba de roda nasceu no Recôncavo Baiano, que é uma
região do estado da Bahia formada por mais de trinta municípios,
contornando a Baía de Todos os Santos.
Para participar do samba
de roda, você tem que ter um jogo de corpo e um jogo de cena. Ele
começa devagarzinho, com movimentos suaves dos braços e das pernas e
vai se tornando mais forte, mais cadenciado, até se transformar num
grande requebrado.
A partir de 2005, o samba de roda tornou-se
um Patrimônio da Humanidade, um título concedido pela Unesco (órgão da
Organização das Nações Unidas) para as mais autênticas manifestações
culturais.
O samba no Rio de Janeiro
O samba de roda foi
uma das bases para o samba carioca. Mas essa é uma história comprida.
Antigamente, qualquer manifestação rítmica dos negros escravos era
chamada de batuque. Com o tempo, este foi se transformando em outras
formas musicais, como o lundu e o maxixe, até se tornar o que
conhecemos hoje como samba.
Esse processo, contudo, não
aconteceu de forma pacífica. Houve uma época em que era proibido
sambar! Os locais de samba, no século 19, eram muito mal vistos,
considerados perigosos, sujos, verdadeiros "locais de perdição". Na
verdade, o preconceito contra os negros estava por trás desse modo de
ver as coisas.
A abolição da escravidão
só aconteceu em 1888. A partir daí, o samba começou a ser visto com
outros olhos e muitos brancos passaram a aderir a sua cadência
irresistível, nas primeiras décadas do século 20. Merece destaque,
nesse caso, o compositor branco
Noel Rosa, que fez uma verdadeira crônica do seu tempo através de sambas bem-humorados, que refletem o temperamento alegre do brasileiro.
O samba pioneiro
"Pelo telefone", composição de
Donga
datada de 1916, é considerado o primeiro samba brasileiro, por
substituir o maxixe. Nessa época, já se podiam gravar as músicas em
discos. Na mesma ocasião, surgiram muitos compositores de grande
talento, como
Pixinguinha, João da Baiana, Sinhô e Heitor dos Prazeres. O samba foi tomando uma expressão urbana e moderna.
Começou
a ser tocado nas rádios, se espalhou pelos morros cariocas e nos
bairros da zona sul, conquistando um público de classe média também.
Mais tarde, em meados do século 20, Dorival Caymmi e
João Gilberto deram uma nuance sofisticada para o samba, misturando-o com outras influências musicais.
Hoje o samba tem mil outras formas como a gafieira, o pagode, o samba enredo (que é o samba do
carnaval), o samba de breque, o samba-canção, o samba-rock, o partido alto e muito mais.
Disponível em : http://educacao.uol.com.br/cultura-brasileira/samba---historia-ritmo-e-o-mais-famoso-do-brasil.jhtm